O sistema respiratório humano
As fossas nasais (ou cavidades nasais) e a boca são os locais de entrada do ar que se dirige ao nosso sistema respiratório. O ar que entra pelas fossas nasais é filtrado, umedecido e aquecido, antes de ir para a traquéia. Cílios que revestem o epitélio das fossas nasais retêm partículas de sujeira e microorganismos que existem no ar. As partículas aderem ao muco produzido pelas células epiteliais e, posteriormente, são expelidas das fossas nasais.
Em seguida o ar passa pela faringe e laringe (local onde se
encontram as nossas cordas vocais – ou pregas vocais), atravessando a
glote que é a entrada da laringe. Logo acima dela há uma estrutura
cartilaginosa, a epiglote,
que fecha a passagem do alimento para a laringe, não havendo perigo do
alimento entrar nas vias respiratórias. A seguir o ar penetra na
traquéia, que se bifurca em dois brônquios principais. Cada brônquio
ramifica-se inúmeras vezes e origina bronquíolos progressivamente
menos calibrosos, até se formarem os bronquíolos terminais. Estes, por
sua vez, terminam em bolsinhas, de parede extremamente delgada, os
alvéolos pulmonares.
Trocas gasosas: acontecem nos alvéolos
As trocas gasosas se dão entre o
ar alveolar e o sangue contido nos capilares. O sangue proveniente dos
tecidos é rico em gás carbônico e pobre em oxigênio. O ar alveolar é
rico em oxigênio e pobre em gás carbônico.
Legenda:O gás carbônico se difunde do sangue para o ar alveolar, deixando livres as moléculas de hemoglobina existentes nas hemácias. Por sua vez, o oxigênio difunde-se do ar alveolar para o sangue, ocupando os lugares vagos existentes nas moléculas de hemoglobina. 1- Oxigênio 2- Gás carbônico 3- Sangue arterial 4- Ar inalado/ exalado 5- Sangue venoso 6- Capilar sanguíneo |
Faringe
A faringe pertence tanto ao sistema respiratório como ao sistema digestório. Através das coanas esta ligada com a cavidade do nariz e através das fauces, com a boca. Liga-se com o ouvido médio pelas tubas auditivas. Liga-se também com a laringe e com o esôfago. Antes de ir para a laringe, o ar inspirado pelo nariz passa pela faringe.
Laringe
A laringe é um tubo cartilaginoso de forma irregular que conecta a faringe com a traquéia. Situa-se na parte superior do pescoço. A laringe possui uma estrutura cartilaginosa que chama epiglote, que trabalha para desviar das vias respiratórias para o esôfago os alimentos deglutidos. Caso não ocorra este desvio, o alimento é expelido com uma tosse violenta.
Na laringe encontramos as cordas vocais, que são pregas horizontais na parede da laringe. Entre as cordas vocais há uma abertura chamada glote e é por ela que o ar entra na laringe, provocando uma vibração nas cordas vocais e produzindo som. Na face anterior do pescoço forma-se a proeminência laríngea, chamada de pomo de Adão, que é mais visível nos homens que nas mulheres.
Traquéia
A traquéia é um tubo de aproximadamente 12 cm de comprimento e 2,5 de diâmetro e suas paredes são reforçadas por uma série de anéis de cartilagem que impedem que as paredes se colapsem.
A traquéia bifurca-se na sua região inferior, originando os brônquios.
O epitélio é formado por células ciliadas e células secretoras. Estes cílios servem para remover as partículas e microorganismos que entram com o ar inalado. O muco produzido pelas células secretoras serve como uma barreira também.
Pulmão
Os brônquios penetram no pulmão através do hilo. Esses brônquios ramificam-se várias vezes, originando os bronquíolos, que penetram no lóbulo pulmonar e ramificam-se, formando os bronquíolos terminais, que originam os bronquíolos respiratórios, que terminam nos alvéolos pulmonares.
Os pulmões possuem consistência esponjosa, que está relacionada com a quantidade de sacos alveolares.
O formato do pulmão lembra um cone e é revestido por uma membrana dupla serosa chamada pleura. Os dois pulmões são separados pelo mediastino, local onde está o coração, o esôfago, timo, artérias, veias e parte da traquéia.
O diafragma é um músculo situado abaixo do pulmão, e é onde ele se apóia. Separa o tórax do abdome e está relacionado com os movimentos da respiração.
Ventilação pulmonar humana: a ação do diafragma
No homem e nos demais mamíferos a ventilação pulmonar depende dos músculos intercostais (situados entre as costelas) e do diafragma.
A entrada de ar nos pulmões, a inspiração,
se da pela contração da musculatura do diafragma e dos músculos
intercostais. O diafragma abaixa e as costelas se elevam, o que aumenta
o volume da caixa torácica, forçando o ar a entrar nos pulmões.
A saída de ar dos pulmões, a expiração, se dá pelo relaxamento da musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma se eleva e as costelas abaixam, o que diminui o volume da caixa torácica, forçando o ar a sair dos pulmões.
Capacidade pulmonar
A cada movimento respiratório, um homem jovem inala e exala, em média, cerca de meio litro de ar; esse valor é um pouco menor para a média das mulheres.
O volume máximo de ar que pode ser inalado e exalado em uma respiração forçada é denominado capacidade vital,
algo em torno de 4 a 5 L, para um homem jovem. Os pulmões, no entanto,
contêm mais ar que a sua capacidade vital, pois é impossível expirar a
totalidade de ar contido nos alvéolos. Mesmo quando se força ao
máximo a expiração, ainda resta cerca de 1,5 L de ar nos pulmões; esse é
o ar residual.
Mais de 10 mil litros de ar entram e saem de nossos pulmões, a cada 24 horas. Nesse período os pulmões absorvem entre 450 e 500 L de gás oxigênio e expelem entre 400 e 450 L de gás carbônico.
Controle da respiração
O que aconteceria a uma pessoa se ela tentasse segurar a respiração voluntariamente por algum tempo?
Imediatamente, um
comando localizado no bulbo – ou medula oblonga (um órgão componente do
nosso sistema nervoso central) enviaria a mensagem aos músculos
respiratórios, fazendo com que se contraíssem. Esse centro de comando,
conhecido como centro respiratório bulbar, é altamente sensível ao aumento de CO2 no sangue e à diminuição do pH sanguíneo decorrente do acúmulo desse gás.
Lembre-se que o CO2 em solução aquosa forma H2CO3, ácido carbônico, que se ioniza em H+ e H2CO3-. O aumento da acidez e o próprio CO2 em solução física no plasma estimulam os neurônios do centro respiratório.
Consequentemente, impulsos nervosos
seguem pelo nervo que inerva o diafragma e a musculatura intercostal,
promovendo a sua contração e a realização involuntária dos movimentos
respiratórios.
De início, ocorre uma
hiperventilação, ou seja, o ritmo dos movimentos respiratórios aumenta
na tentativa de expulsar o excesso de gás carbônico. Lentamente, porém,
a situação se normaliza e a respiração volta aos níveis habituais.
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Distúrbios do Sistema Respiratório
Sinusite
A sinusite é uma inflamação de cavidades existentes nos ossos da face,
o seio da face ou sinus. Essas cavidades têm comunicação com as fossas
nasais e podem ser invadidas por bactérias, que desencadeiam um
processo infeccioso. Na sinusite aguda, a pessoa tem dor em diversas
regiões da face e há corrimento nasal mucoso e, às vezes, purulento
(com pus).
Resfriado
O resfriado comum pode ser causado
por diversos tipos de vírus e é mais propício no inverno, época em que
as células do corpo se tornam mais susceptíveis a infecções. Os vírus
se instalam nas células da cavidade nasal e da faringe, provocando
inflamações. A coriza (corrimento de líquido pelas narinas durante o
resfriado), é conseqüência dessas inflamações.
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Além da coriza, podem aparecer outros sintomas, tais como sensação de secura na garganta, espirros, olhos lacrimejantes e febre.
Coqueluche
É uma das mais famosas doenças da infância, causada pela bactéria Haemophilus pertussi, que se instala na mucosa das vias respiratórias (laringe, traquéia, brônquios e bronquíolos). A proliferação das bactérias causa forte irritação, com grande produção de muco (catarro). Toxinas produzidas pelas bactérias irritam terminações nervosas, desencadeando acessos de tosse, típicos da doença. A coqueluche é prevenida pela vacina tríplice, que protege também contra a difteria e o tétano. Essa vacina é administrada em três doses, uma a cada trinta dias, a partir do segundo mês de vida. |
Pneumonia
A pneumonia é uma infecção pulmonar causada por diversas espécies de bactérias
e, às vezes, por fungos. A bactéria se instala nos pulmões, provocando
aumento da secreção de muco e ruptura das paredes dos alvéolos. Os
sintomas da doença são febre alta, falta de ar, dores no peito e
expectoração de catarro viscoso e, às vezes, sanguinolento. Em geral,
atinge pessoas que estão com sua resistência orgânica debilitada.
Tuberculose
Tuberculose é uma infecção causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis que se instala geralmente nos pulmões. Os alvéolos pulmonares inflamam-se e sofrem necrose (morte celular). A região necrosada é circundada por um tecido fibroso que limita e isola o foco infeccioso. Em geral, as lesões de uma primeira infecção tuberculosa regridem espontaneamente. No caso de uma reinfecção, pode ocorrer de os focos infecciosos atingirem, além dos pulmões, outros órgãos, causando lesões nos tecidos.
Os sintomas da tuberculose pulmonar são febre, sudorese noturna, fraqueza e perda de apetite e de peso.
A prevenção consiste em evitar o convívio com
pessoas doentes e só consumir leite pasteurizado ou adequadamente
fervido, pois a bactéria pode estar presente no leite. O tratamento é
feito com antibióticos.
Bronquite Crônica
Mais de 75% dos pacientes com bronquite crônica são ou foram fumantes. Os bronquíolos secretam quantidade excessiva de muco, tornando-se comprimidos e inflamados. Os cílios do epitélio bronquiolar deixam de bater, e muco e partículas de sujeira vão se acumulando, dificultando a passagem do ar. A respiração torna-se curta e os acessos de tosse são constantes. Pessoas com bronquite crônica, em geral, acabam por desenvolver enfisema.
Enfisema
O enfisema é muito raro em pessoas que nunca fumaram. É a obstrução completa dos bronquíolos, com aumento da resistência à passagem de ar, principalmente durante as expirações. Pode ocorrer, então, rompimento das paredes dos alvéolos, com formação de grandes cavidades. Isso diminui a eficiência dos pulmões em absorver oxigênio e há sobrecarga do coração como forma de compensar a deficiência pulmonar. A sobrecarga leva a maioria dos pacientes com enfisema a morrer de insuficiência cardíaca. |
Câncer de Pulmão
O hábito de fumar é a principal causa do câncer de pulmão, 80% desse tipo de câncer poderia ser evitado se as pessoas parassem de fumar. Diversas substâncias contidas no cigarro são cancerígenas. Células cancerosas originadas nos pulmões se multiplicam descontroladamente, podendo invadir outros tecidos do corpo, onde originam novos tumores.
Embolia Pulmonar
É o fechamento repentino da artéria pulmonar ou de um de seus ramos, provocado por bolhas de ar, fragmentos de tumores ou freqüentemente por coágulos sanguíneos.
O fechamento de uma artéria de pequeno calibre
pode passar despercebido, mas se uma grande artéria for atingida, a
pessoa é acometida por dor súbita no peito, falta de ar, aumento da
transpiração, palpitações, cianose e eventualmente é levada à morte. A
embolia pulmonar é responsável por cerca de 4% dos óbitos ocorridos nos
grandes hospitais.
Rinite Alérgica
É uma inflamação das mucosas que revestem as cavidades nasais devido a processos alérgicos. Como consequência da inflamação, as células passam a produzir excesso de muco, que escorre pelas narinas.
Surtos repetidos de renite alérgica em crianças
podem causar obstrução nasal definitiva, que leva a alterações ósseas
na base do crânio. Como as rinites tem forte componente emocional, o
afeto e as boas condições psicológicas fazem parte do tratamento da
doença.
Asma Brônquica
É uma doença respiratória em que o espasmo e a constrição dos brônquios e a inflamação de sua mucosa limita a passagem do ar, provocando dificuldade respiratória. Com frequência, deve-se a uma alergia, em particular ao pó, pêlo ou penas de animais, mofo e pólen. Muitos pacientes de asma alérgica, chamada de asma atópica ou extrínseca, sofrem também de febre do feno, que é uma forma de rinite sazonal causada por alergia ao pólen. Seus sintomas são ataques intensos de espirros, inflamação da mucosa nasal e olhos, e respiração difícil.
É uma doença pulmonar que se caracteriza pela
diminuição de calibre (constrição) dos bronquíolos. A asma pode ter
diversas causas, sendo a alérgica a mais comum. Tendo também forte
desencadeamento da crise de asma.
A crise asmática ocorre quando a musculatura lisa
dos bronquíolos se contrai espasmodicamente. A mucosa que reveste
internamente os bronquíolos incha e passa a produzir mais secreção, o
que contribui para diminuir o calibre dos condutos respiratórios. A
dificuldade respiratória prejudica a oxigenação do sangue e, em casos
muito graves, pode ocorrer cianoses (coloração azulada da pele e das
mucosas), provocada pelo acúmulo de gás carbônico no sangue.